segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Relatório Introdutório Arte-na-Mão




INTRODUÇÃO

Este trabalho, do âmbito da disciplina de Artes Plásticas e Novas Tecnologias, constitui-se como uma nova abordagem ao anterior elemento de avaliação da disciplina de Teoria das Bibliotecas Digitais e do E-Learning, ambas pertencentes ao currículo do Mestrado em Educação Artística.
Arte-na-Mão é um novo blog, mas funciona em link directo com o anterior blog Mão-de-Arte. Este novo trabalho será apresentado como um complemento enriquecedor ao trabalho anterior e será fundamentado com as teorias pedagógicas, psicológicas e sociológicas de alguns autores.



APRESENTAÇÃO DO BLOG

A ideia para este novo trabalho surgiu da consulta de um livro, na minha opinião muito bem conseguido, intitulado “Descobrindo Grandes Artistas, a prática da arte para crianças” (ver em referências).
Com esta “matéria-prima”, constituída por um conjunto bastante extenso de actividades artístico-plásticas para crianças, seria enriquecedor complementar o anterior blog Mão-de-Arte com um link directo para
www.artymao.blogspot.com. Esta opção, a de criar um blog em paralelo com o anterior, justifica-se pelo conteúdo das actividades propostas. Relembro que a precedente Mão-de-Arte é um blog com jogos e actividades para crianças, dedicado a professores, animadores, formadores e artistas de todas as áreas, e tem como objectivo criar e partilhar, em formato Blog, um “livro” de jogos e actividades.
O que é então a Arte-na-Mão?
É um novo complemento, criativo e útil, que aborda o carácter mais plástico de uma educação artística.
É uma fonte de ideias para todos aqueles que lidam e trabalham com crianças. Apresenta-se um conjunto de actividades artísticas, nas quais as crianças podem entrar em contacto com estilos e técnicas de grandes artistas, de todo o mundo e de todas as épocas.
A educação artística e expressiva, dirigida a crianças e jovens, promove aptidões e proporciona experiências que favorecem o seu desenvolvimento pessoal, a sua auto-estima e criatividade.
Arte-na-Mão tem como objectivo expandir a experiência e a consciência criativa das crianças em todos os aspectos das artes visuais. Alguns artistas irão "re-saltitar" nos seus ouvidos como Picasso. Outros nem tanto. A ideia é que, perante as sugestões, professores e educadores possam dar às suas crianças a possibilidade de experimentar ser um dos grandes artistas, ou experimentar todos.
Mesmo junto ao título do blog encontra-se uma lista de actividades e artistas a explorar. Ao “clicar” nos respectivos links, o utilizador é transportado automaticamente para a apresentação da actividade. Nesta lista, encontra-se também o presente relatório para que possa ser consultado online.
Para cada actividade, são indicadas informações sobre o artista trabalhado e o movimento no qual se insere, assim como indicações quanto ao nível artístico da criança: *, **, ou *** (sendo * um nível elementar, **, nível intermédio e ***, um nível mais experiente), e quanto ao tempo necessário de preparação por parte do adulto 0, 00, ou 000 (sendo 0 fácil, 00 intermédio e 000, mais exigente).
Tal como em Mão-de-Arte, este novo trabalho irá ter, em breve, mais sugestões e pequenos vídeos que ilustrarão a realização das actividades propostas. Para já, o utilizador beneficia da imagem e de uma pequena biografia do artista trabalhado, e de algumas imagens alusivas aos possíveis produtos plásticos resultantes da criação das crianças.
Como disse anteriormente, Arte-na-Mão está conectado com o trabalho anterior através de um link directo. Pretendo com isto criar a ilusão de que o utilizador está a navegar num sítio da internet com várias páginas. A página principal continua a ser a Mão-de-Arte –
www.maodearteblog.blogspot.com - e, através da barra lateral de miniaplicações, poder-se-á encontrar em “Links Complementares” o link “Arte-na-Mão – Actividades Plásticas”. Ao “clicar” o utilizador é transportado para o novo blog. Para regressar, basta consultar na barra lateral o link “Voltar a Mão-de-Arte” e “clicar”. Esta dinâmica dá ao utilizador a sensação de que está a navegar na internet.
Pretendendo aceder directamente a Arte-na-Mão, basta ir a
www.artymao.blogspot.com



FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A intenção deste blog é contribuir, de certa forma, para a multiplicação das opções de qualidade de uma educação artística. Mas que teorias fundamentam a acção educativa da Arte-na-Mão?
Na tentativa de resposta a esta questão, tento convergir neste relatório introdutório, alguma fundamentação empírica, psico-pedagógica e sociológica, de forma que se compreendam melhor as intenções das actividades propostas.
Segundo Kohl e Solga (2001), os aspectos mais importantes destas actividades serão as descobertas, a pesquisa e a criatividade individual. As crianças pequenas estão geralmente mais interessadas no processo artístico do que no produto acabado, e poderão demonstrar também interesse na história ou na apreciação da arte, associada ao processo que experienciam. As crianças mais velhas poderão querer saber mais sobre a vida do artista e como ela influenciou o seu estilo. Contudo, segundo estas autoras, não se deve forçar a aprendizagem da história de cada um, qual a sua época e o movimento em que se insere. A informação deve ser apresentada como fonte de inspiração, ou referência, para que, se possível e se houver interesse, surja a construção de um conhecimento mais aprofundado.
Apresentar actividades inspiradas nas obras de grandes artistas estimula as crianças a aprender “no fazer” e a familiarizarem-se com novas ideias, para que este conhecimento e experiências possam ser mobilizados de forma mais confortável no seu futuro enquanto estudante. Irão sentir-se inspiradas a ler livros, visitar museus e a ver o mundo de uma maneira nova.
Kohl e Solga (2001) acrescentam que a criança é quem decide como será a sua obra de arte devendo ser, para tal, encorajado o pensamento individual e autónomo, valorizando-se, de igual forma, as suas decisões e habilidades.
Cruzando uma perspectiva psicológica com estudos da teoria desenvolvimentista, Gardner (1973) concluiu que as crianças mais novas, quando envolvidas em actividades de desenho, aplicam formas de conhecimento ao nível intuitivo e pré-simbólico. Este contacto sensorial e motor com o desenho, permite que as crianças, rapidamente, se tornem capazes de ler desenhos ou imagens, de acordo com o significado daquilo que, para elas, a imagem representa. Conseguirão assim, criar outras obras que simbolizam as referências experimentais que elas têm do mundo.
Gardner é mais ambicioso que as autoras anteriores. Acredita que se deveria antecipar a oferta de um ensino artístico a crianças mais novas e requalificar a abordagem didáctica tendo em conta as várias componentes e formas de conhecimento artístico. Sugere que, para tal, os agentes de educação das artes devem perspectivar e desenvolver, nas suas aulas, a capacidade de produção artística, as competências em observar e analisar obras de arte de variadas correntes, meios, e autores, a compreensão do processo artístico e das noções históricas, filosóficas e culturais da arte na sua sociedade.
Assim sendo e com o objectivo de criar um ambiente artístico enriquecedor, propõe que se ponham as crianças em contacto com variadas obras, de diferentes autores. Com estas oportunidades, o conhecimento intuitivo e pré-simbólico irá começar a trabalhar construindo as primeiras noções de conhecimento artístico.
Um outro trabalho, realizado por MALCHIODI (1998) sugere que, mesmo perante a dificuldade de definir arte, aceitamos que esta “amplifica” a nossa existência. Contudo, não identificamos, logo à partida, como é que a arte pode ser um “amplificador” da vida. Malchiodi salienta que, aparte da utilidade museológica, a arte pode surgir nos indivíduos como factor de auto-compreensão, busca de significado de existência, crescimento pessoal e do poder pessoal, até como factor terapêutico.
Theodor Adorno publicou grandes obras que são constituídas por estudos filosóficos e sociológicos das artes e da literatura.
Na sua obra, Teoria Estética (1993), Adorno realiza uma reconstrução dialéctica dupla. Ele reconstrói o movimento de arte (moderna) do ponto de vista da filosofia da estética, reestruturando especialmente a Kant e Hegel. De ambos os lados Adorno tenta extrair o significado histórico-social da arte e da filosofia.
O seu livro começa e termina com reflexões sobre o carácter social da arte (moderna). Dois temas destacam-se nessas reflexões. Um deles, é uma questão de Hegel: Pode a arte sobreviver ao recente mundo do capitalismo? A outra é a questão marxista: Pode a arte contribuir para a transformação deste mundo?
Ao abordar as duas questões, Adorno conserva de Kant a noção de que a arte propriamente dita, é caracterizada por uma autonomia formal. Mas Adorno combina esta questão kantiana da forma, com a ênfase de Hegel sobre o conteúdo intelectual, e com a teoria de Marx sobre a apropriação da arte na sociedade como um todo. O resultado é uma complexa tomada de consciência da simultânea necessidade e ilusória autonomia da obra de arte. Esta autonomia necessária e ilusória da obra de arte é, por sua vez, a chave para o carácter social da arte (moderna), tornando-se assim, na chamada "antítese social da sociedade".
Adorno refere-se às obras de arte como elementos sociais. As tensões expressas dentro delas traduzem os inevitáveis conflitos, dentro de um processo histórico-social maior, do qual derivam e ao qual pertencem. Estas tensões entram na arte através do artista e da sua luta com matérias histórico-sociais latentes. Delas derivam interpretações conflituosas, muitas das quais sendo entendidas como resultado de tensões interiores, ou de conflitos com a sociedade no geral. Adorno vê todas essas tensões e conflitos como "contradições", a serem trabalhadas e, eventualmente, a serem resolvidas. A sua completa resolução exigiria, no entanto, uma total transformação na sociedade, que, dada a sua teoria social, não parece iminente.
Esta teoria de Adorno sobre obras de arte como elementos sociais, surge entre as categorias de “conteúdo” e “função”. A interpretação de Adorno destas categorias distingue a sua sociologia da arte, das abordagens hermenêutica e empíricas.
A abordagem hermenêutica poderia enfatizar o significado intrínseco da obra ou do seu significado cultural e minimiza as funções políticas ou económicas da obra de arte. Uma abordagem empírica iria investigar a relação entre o trabalho artístico e vários os factores sociais, sem ligar às questões hermenêuticas sobre o seu significante e significado.
Adorno, em contrapartida, sustenta que, como categorias ou como fenómenos, o conteúdo e a função precisam ser entendidos em termos um do outro. Por um lado, o conteúdo de uma obra de arte e as suas funções na sociedade podem ser inteiramente opostas. Por outro lado, não se pode dar uma explicação adequada das funções sociais de uma obra de arte se não relacionar o seu conteúdo com questões sobre o seu significado. Assim o conteúdo de uma obra de arte incorpora funções sociais e tem potencial de relevância para diferentes contextos sociais. Em geral, no entanto, e em consonância com suas críticas ao positivismo e da razão instrumentalizada, Adorno dá prioridade ao conteúdo, entendendo-o como mediador social de grande importância. As funções sociais enfatizadas nos seus próprios comentários e críticas são funções essencialmente intelectuais, em vez de funções directamente políticas ou económicas.
Esta posição prioritária do “conteúdo” também desvenda a posição de Adorno sobre arte e sobre a política. Devido à mudança na estrutura do capitalismo, e também à ênfase do autor na complexa “autonomia da arte”, Adorno duvida quer da eficácia, quer da legitimidade da tendência provocante e sensibilizadora da arte.
Segundo Adorno, cada obra tem sua importância própria, devido a uma dialéctica interna entre o seu conteúdo e a sua forma. Esta importância convida a decisões críticas sobre sua veracidade ou falsidade. Para fazer justiça ao trabalho artístico e à sua importância, tais juízos críticos precisam entender o complexo trabalho artístico, quer na sua dinâmica interna, quer na totalidade histórico-social a que a obra pertence.
O autor afirma que a obra tem um conteúdo interior, e a sua importância pode ser considerada, interna e externamente, como verdadeira ou falsa. Este conteúdo não é um composto metafísico ou essência que paira sobre as obras de arte. Mas também não é uma mera construção humana. É histórico, mas não arbitrário, utópico no seu alcance, mas firmemente amarrado às condições específicas da sociedade.
Adorno conclui que o verdadeiro conteúdo, é a expressão pela qual uma obra de arte desafia o modo como as coisas são, e sugere a forma como as coisas poderiam ser melhores, mas deixa as coisas praticamente inalteradas: "A arte tem a verdade como a aparência da ilusão". Na arte, Adorno vê um reflexo mediado do mundo real.
Desta forma, a criação da Arte-na-Mão é um facilitador que pode colocar as crianças em contacto directo, com os artistas, e com as suas obras de arte, abrindo caminho para a mudança e para a sua construção social e artística enquanto indivíduos em sociedade.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ADORNO, Theodor W. Teoria estética. Tradução de Artur Morão.Volume 14 de Arte & comunicação. Edições 70. 1993

GARDNER, H. (1973). The Arts and Human Development. New York: Wiley. Second Edition, 1994, New York: Basic Books

KOHL, MaryAnn F. e Solga, Kim. Descobrindo Grandes Artistas, A prática da arte para Crianças. Trad. Roberto Cataldo Costa. Editora Artmed. Porto Alegre. 2001.

MALCHIODI, Cathy. The art therapy sourcebook. Los Angeles. Lowell House. 1998. pp. 1-6.


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Desenho de uma única linha - Klee



Artista: Paul Klee - Período: 1879 a 1940


Movimento: Expressionismo


Técnica: desenho - Nível da criança: **


Tempo de Preparação: 00





KLEE
Paul Klee veio de uma família musical e viveu uma vida musical. Nasceu na Suíça, filho de pai alemão, organista de igreja. Klee aprendeu a tocar violino e foi difícil para ele escolher entre a carreira das artes plásticas e a música, mas optou pela primeira. Por não ter atelier, Klee pintava na mesa da cozinha enquanto a sua mulher dava aulas de piano. Durante estes anos, os seus desenhos, gravuras e aguarelas eram pequenos, devido ao tamanho da sua mesa.


Materiais:

- Folha de papel ou cartolina;


- Lápis e borracha;


- Caneta de feltro preta;


- Aguarelas e pinceis.


Descrição:

1 - Com lápis, faça um leve esboço de um objecto em papel de desenho. Desenhe qualquer objecto simples, como um rosto, um vaso de flores, um carro de corrida, um animal sentado, uma casa, uma árvore...

2 - Desenhe sobre o esboço de lápis com a caneta preta sem a levantar do papel até que toda a figura esteja completa. Faça com que a linha seja sempre contínua interligando os vários elementos, até que a linha única tenha completado todo o desenho.

3 - Depois de secar alguns minutos, apague completamente as linhas de lápis com uma borracha macia.

4 - Pinte algumas áreas do desenho com aguarelas, deixando outras áreas por pintar. Deixe secar.

As outras faces de mim - Andy Warhol



Artista: Andy Warhol - Período: 1928 a 1987
Movimento: Pop arte
Técnica: Recorte - Nível da criança: *
Tempo de Preparação: 0

WARHOL
Nasceu em 6 de Agosto de 1928, em Pittsburgh, nos E.U.A. Os seus pais eram oriundos da Checoslováquia, mas vieram viver para Pittsburgh nos Estados Unidos em 1921. Enquanto criança Andy Warhol era bastante tímido. Estudou no liceu de Schenley onde frequentou as aulas de arte, mas criava problemas, ao não aceitar nem seguir as regras estabelecidas.. Acabou a sua licenciatura em Carnegie Melon University, com uma menção honrosa em desenho. Foi viver para Nova Iorque em Junho de 1949, à procura de emprego como artista comercial. O artista plástico Andy Warhol ficou famoso por pintar celebridades. Os quadros de Warhol geralmente começavam com a fotografia de uma pessoa famosa. Muitas das suas pinturas mostram repetições de uma mesma imagem, colorida de maneiras diferentes. As suas obras mais famosas são pinturas da estrela de cinema Marilyn Monroe, ElisabethTaylor e Elvis Presley. Também são de sua autoria embalagens eternizadas e para sempre guardadas em nossa lembrança como referências principais do pop arte, entre elas, os rótulos das garrafas de Coca-cola e os rótulos das latas de sopa Campbell.

Materiais:
- Fotografia de um jovem artista;
- Máquina de fotocópia;
- Tesoura;
- Lápis e régua;
- Cartolina ou cartão de 25cm x 50cm;
- Cola
- Lápis de cor, de cera, pastel, canetas de feltro e marcadores fluorescentes;

Procedimento:

1 – Use a máquina fotocopiadora para ampliar as fotos das crianças, de forma que o rosto possa ser recortado num quadrado com 20cm de lado. Convêm que as fotocópias não fiquem muito escuras.

2 – Meça e recorte as fotocópias em quadrados de 20cm.

3 – Coloque seis rostos iguais sobre a cartolina.

4 – Com lápis de cor, de cera e os restantes materiais pinte com cores diferentes cada um dos seis rostos. Mude as cópias para posições diferentes enquanto trabalha. Recorte algumas cópias de forma diferente, como, por exemplo, retirando o fundo a uma delas ou recortando o rosto e deixando apenas o fundo.

5 – Quando estiver satisfeito com o resultado, cole as seis cópias no lugar, encostadas umas nas outras, como um tabuleiro de xadrez, para fazer uma colagem ao estilo Warhol.